sexta-feira, 4 de maio de 2018

da representação figurativa religiosa como ato subversivo... Ironias da História!

Antes da nossa época (contemporânea) a arte cumpria funções rituais, religiosas e pedagógicas... é já nos nossos dias que a expressão individual da circunstancia pessoal do autor se assume como tema autónomo. Atualmente as correntes artísticas mais divulgadas pela academia e pelos centros de arte contemporânea privilegiam esta linguagem, de tal modo que por vezes o privilegio parece quase ditatorial! Fomenta-se o trabalho dos “curadores” e “comissários” sob cuja responsabilidade recai a função comunicativa da obra artística. A obra em si já não interessa, mas sim o processo criativo que lhe dá origem. É aí que são colocadas as questões (sobre o espaço e o tempo, a existência, as fronteiras, etc.). Questões essas que são intuídas pelos “curadores” e “comissários” que as revelam nos seus textos ao público. Na moda generalizada dos nossos dias o objeto artístico deve ser insuspeito, pode ser qualquer coisa! Preferencialmente deve confundir o observador que não sabe se está ou não está diante de uma obra de arte. As modas parecem-me sobrevalorizadas. A pressão do meio é forte, e a comunicação plástica feita com técnicas manuais é criticada como anacrónica (em detrimento da fotografia, do ready-made, do vídeo…). Mas a pluralidade assumida atualmente permite-nos escolher caminho. Na nossa galeria não vamos por aí!
Por tudo isto, é com imenso prazer que vos convido a espreitar a obra “Via Sacra” de João Ferreira - Janjã no santuário do Divino Senhor de Cabeça Boa, Bragança. Ainda decorre o processo criativo, mas, parte das 15 estações que formam a Via Sacra já está exposta, ao culto e à fruição do observador!

Emília Nogueiro

Detalhe da XIII estação “Jesus é descido da Cruz”
Ferro forjado e chapa soldada

Sem comentários: